Os quadrinhos japoneses, conhecidos como mangá, conquistaram o mundo. Aqui no Japão, em qualquer loja de conveniência é possível encontrar essas revistas. E claro, existe estilo para todo tipo de público. Há alguns anos, fiz uma matéria para a BBC Brasil sobre mangás baseados em livros clássicos.
Dois deles me chamaram a atenção: Mein Kampf (em português, Minha Luta), escrito na prisão por Adolf Hitler, e O Capital, de Karl Marx.
A iniciativa foi da editora japonesa East Press, que resolveu incluir estas duas obras na sua coleção Clássicos da Literatura em Mangá.
“A idéia é oferecer ao leitor a possibilidade de ler um clássico e entender os conceitos em apenas uma hora”, explicou o editor-chefe Kosuke Maruo à BBC Brasil.
Mein Kampf é um livro polêmico, pois contém as sementes da ideologia anti-semita e nacionalista que marcou o nazismo. “A idéia não é apresentar Hitler como vilão ou herói, mas apenas mostrar quem era e o que ele pensava. Não estamos preocupados com polêmicas”, disse Maruo.
O editor lembra também que o livro, cuja publicação e venda são proibidas em alguns países, já foi editado no Japão. “Além disso, todo mundo já conhece a história inteira e como os nazistas pensavam”, reforça ele, que diz não ter recebido até agora nenhuma reclamação de leitor.
O mangá conta a história do líder nazista, desde a infância, até culminar na Segunda Guerra Mundial. Fala também do ódio que ele sentia pelos judeus. “Vendo a história de vida dele, não dá para achar que era uma pessoa totalmente ruim. Ele era apenas uma pessoa triste”, defendeu o editor-chefe.
Entre as obras conhecidas da literatura e da filosofia que viraram mangá pela East Press estão Crime e Castigo, de Dostoiévski, Fausto, de Goethe, Rei Lear, de Shakespeare, e Guerra e Paz, de Tólstoi.
O campeão de vendas é Kanikousen, inspirado na obra do escritor japonês Takiji Kobayashi. Na seqüência vem Os Irmãos Karamasov, de Dostoiévski. “Os títulos da série são obras que as pessoas conhecem, mas não têm muita paciência para ler até o fim”, justificou o editor-chefe. Daí o sucesso de vendas.
Ao todo, segundo Maruo, já foram impressos 1,2 milhão de exemplares da série toda. Marx e o mangá de Hitler chegaram ao mercado com 30 mil cópias cada.
Diversidade de temas
Apesar da East Press ser uma das poucas no mercado a trabalhar com clássicos da literatura mundial, o segmento de mangás no Japão já vem usando há anos os traços orientais dos desenhos para explicar diversos temas.
Relações diplomáticas com a China, degustação avançada de vinhos, epidemia da gripe aviária, parábolas da Bíblia e até a nossa capoeira já viraram mangá no país. O formato compacto, o baixo custo e a linguagem popular ajudam a transformar este tipo de publicação em sucesso de vendas.
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Minha nossa, e isso tem saída? Acho que isso é uma apologia ao nazismo….
Kisu!
Hahahahaha
Nao se esqueça que os japoneses eram aliados dos alemães. Então, nada é estranho quando o assunto é ideologismo.
Os mangás são legais, incentivam a leitura e a cultura, mas este fazendo alusão a ideologia de Hitler é bastante polêmico, ditador absolutamente crazy para a humanidade!
Bjs